Pela aceitação da cara limpa e da inexistência da perfeição

Essa semana li uma matéria na revista Glamour que muito me chamou a atenção, apesar do tema já um pouco batido por vários sites. Algumas celebridades em fotos totalmente naturais, sem maquiagem ou photoshop. Pessoalmente achei a iniciativa bem bacana, porque é bacana você perceber que aquelas mulheres que você admira também é tão humana como qualquer uma de nós, que acordamos cedo, que temos filhos, cuidamos da casa, trabalhamos e ainda temos que nos virar nos 30 para parecer pelo menos apresentáveis.

Na minha inocência, achei que a reportagem seria super bem comentada e que as pessoas também achariam a atitude legal. Mas, engano meu. Pelo que pude perceber dos comentários, a maioria girava em torno da “pele oleosa da Sabrina Sato”, do “cabelo desarrumado da Paloma Benardi”, entre olheiras, rugas e etc.

Confesso que me assustei com a repercussão que a matéria tomou, e com os milhares de comentários negativos. Porém, o que percebi, na realidade, e o que mais me decepcionou, foi o que está lá para todas nós enxergarmos todos os dias: somos escravas dos padrões de beleza. Achamos que uma mulher sem maquiagem na realidade está se rebaixando e não expondo com orgulho sua naturalidade.

É triste pensar que tantas pessoas, no fundo, não aceitam aquilo que veem no espelho quando acordam, e procuram eternamente por uma beleza inalcançável, tornando seus dias infelizes e incompletos. Sim, aquilo que você vê na televisão, nas revistas, é mentira, se escoa com facilidade, aquilo se vai facilmente com uma noite mal dormida de sono e uma boa ducha, e, internamente, nunca (leia bem, NUNCA) estaremos contentes com o nosso reflexo enquanto pensarmos assim. A perfeição é inalcançável, por mais que pareça se aproximar, nunca estará perto o suficiente para atingirmos, e isso vale para a beleza também, o que nos faz reféns de produtos e tratamentos cada vez mais caros, mas no fundo aquilo lá acaba rápido, e o que temos, o que sobra por baixo de tudo isso? O que somos aqui, por dentro, na nossa alma, nossa inteligência, nosso aprendizado.

É claro que toda mulher gosta de se sentir desejada, arrumada e bonita, mas motivar sua felicidade à sua aparência física é se desgostar demais. As coisas mudam, os gostos mudam, as rugas e cabelos brancos aparecem, e o que sobra se resume à todas as marcas que você deixou nas pessoas.

Não quero de nenhuma forma ser clichê ou piegas, mas acredito em um mundo em que as pessoas possam ser bonitas pelo que elas oferecem aos outros, independente de estarem ou não arrumadas, maquiadas, com a balança marcando pesos lá embaixo. Acredito, também, que quando os conceitos focarem em concepções mais humanas e menos criadas, então, podemos presenciar atos de amor e respeito, onde criticar outra pessoa, mesmo que nem a conheça, mesmo que só saiba quem é pelo que vê na televisão, não é definitivamente uma boa opção.

Melhorar a si próprio é primordial antes de apontar os problemas nos outros.

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